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Por Jéssica Pinheiro, Letícia Wolski e Tayná Rebouças.
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O poder da literatura nas periferias

Arte na parede do prédio do Suburbano Convicto

Café do Bixiga, ao chegar observa-se as cores vibrantes e os desenhos marcantes estampados no exterior do edifício. Ao entrar as paredes estão escutando e vendo os teus olhos atentos para cada imagem desenhada, mas elas só faltam gritar com cada cartaz ali colado. Cada palavra escrita é uma forma de manifestação. Ao adentrar no Bixiga você se sente livre, seu pensamento é livre. Lá há total liberdade de mostrar quem você é e sem medo, porque quando você entra as paredes começam a falar com você. A cada passo dado, a cada degrau um clamor diferente.

Ao chegar à livraria do Suburbano Convicto, fomos recebidos de maneira calorosa e simples, um lugar pequeno aconchegante e recheado de prateleiras com diversos livros. As paredes... Ah as paredes cheia de fotos e em cada foto dava pra ver o quanto aquele lugar era repleto de amor.

As pessoas começam a chegar, os participantes da final do grande evento que ali acontecia estavam ansiosos e um pouco apreensivos. Aos poucos os preparativos para a batalha de poesia se iniciava. São escolhidos os jurados da forma mais imparcial possível. Jurados com os blocos em mãos para dar as notas, organizadores aos seus postos, plateia eufórica, participantes ansiosos para batalhar e o grito de guerra na ponta da língua da plateia que ali estava “SLAM CONVICTO!”.

De repente começa a batalha e a cada verso declamado um relato, um sofrimento, uma angústia, a esperança, uma luta, um grito...

Uma moça branca dos cachinhos dourados declama com tanta revolta e angústia. Sua voz trêmula e exausta com tanta impunidade. Recita seus versos com o olhar de desespero e raiva. “Tanto faz ser donzela ou meretriz ninguém tem o direito de se aproveitar sem consentimento”.

Ainda deixa uma reflexão: “Se eu sou santa ou sou vadia não está no tamanho dos meus decotes, nas minis saias das Marias, nas bundas brancas ou pretas ou amarelas todas as pernas delas tem o direito de escolher pra quem estão abertas!”, exclama a Jovem mãe de cabelos cacheados.

O rapaz negro declama com muita dor, raiva e sem esperanças de que tudo um dia há de melhorar na sua batalha do cotidiano.

"Tragédia aqui acontecem todos os dias, esse não é o primeiro golpe que dão na periferia, resiliência é a palavra que virou mantra pra nós que vem da quebrada. Pow! Pow! Pow! Poesia marginal sou graduado, na favela meu mestrado é o sarau!” , recita Cleyton Mendes a sua poesia numa batalha de slams.

Os slams são campeonatos de poesia, sem o uso de adereços ou acompanhamento musical, nos quais o poeta recita sua obra com ajuda apenas de sua voz e, às vezes, de um microfone. Eles têm até três minutos para declamar seu trabalho. “No sarau não existe classe, não tem rico nem pobre, não tem japonês, nem trans, ou negro. São todos iguais”, afirma Brenauta, jovem de apenas 18 anos, que saiu da batalha de rap para competir nos saraus.Este tipo de expressão artística vem da Literatura Marginal, que originalmente vinda de classes populares, vem crescendo e ganhando mais espaço na mídia e nas redes sociais. Diferente da década de 70,quando se popularizou por conta do Regime Militar, hoje esse tipo de

comunicação é feita, em sua maioria, por escritores vindos da periferia. Ela tem o intuito de transmitir total liberdade de expressão e dar voz àqueles que possuem pouca visibilidade na sociedade. “A literatura marginal pode referir-se também à literatura daquele que foi excluído socialmente e que ganha voz. Ou pode ainda incorporar o termo marginal no sentido contraventor que começa a falar da sua própria voz”, afirma Andrea Hossne, professora de Teoria Literária da Universidade de São Paulo (USP). “Surge, então, uma voz que começa a revelar a má consciência da sociedade brasileira, aquilo que ela mesma tentou varrer para debaixo do tapete ou, no caso, jogar para dentro do presídio e não enfrentar”, explica.

Já antropóloga Érica Peçanha relata, em sua tese de pós-graduação da USP que a literatura marginal é marcada por tratar de problemas da periferia fazendo o uso de uma linguagem própria, estilizada e muitas vezes utilizando recursos populares, como gírias. Na tese ela mostrou a diferença entre a literatura popular da década de 70 e a dos dias de hoje. ”Um diferencial importante é que os escritores apresentam regras próprias de concordância verbal e do uso plural que destoam das normas da língua portuguesa, tanto nas construções das frases como nos neologismos exibidos”.

Além dos slams, existem também os saraus do Cooperifa, fundada nos anos 2000 e idealizada pelos poetas Sérgio Vaz e Marcos Pezão. Esses saraus têm o objetivo de reunir artistas, em sua maioria da periferia, para desenvolverem atividades culturais que vão desde a música, dança até poesias.

Em entrevista, Pezão descreveu como era difícil criar conteúdo artístico nos anos de ditadura militar no Brasil. Ele conta sobre a repressão que sofreu ao criar uma peça que relatava os problemas de sua região, chamada Pequenas Fotografias. “A literatura era como uma arma para combater a repressão”, explica.

Pezão confirma que a literatura da periferia é uma herança da época do regime militar e os saraus foi uma grande ferramenta de expressão. “A grande sacada hoje para a literatura periférica chama-se sarau, que trouxe à tona a poesia no nosso dia-a-dia, então dê voz a um poema”, declara. Hoje ele coordena o espaço cultural I Love Laje, localizada no Campo Limpo.

Em São Paulo, com o fim da ditadura, a literatura marginal teve seu maior destaque a partir do final da década de 1990, com grande influência pelo hip hop e a multiplicação de saraus por toda cidade. Os saraus tomaram tamanha proporção que se tornaram um novo espaço “terapêutico”, no qual os escritores encontraram meios para narrar seus medos, traumas e experiência nas ruas. Eles fazem isso através de poesias, rimas e depoimentos. É o tipo de projeto que ajuda na desinibição e colabora para o melhor convívio social.

Devido ao forte apelo contra a injustiça vivida por aqueles que enfrentam diariamente a dura rotina nos bairros periféricos, e por ser um movimento cultural trazido por classes populares, à literatura da periferia ainda é pretensiosamente associada com o crime organizado e a violência. Muitos poetas relatam esse tipo de preconceito em seus versos e rimas.

Fotos Jessy Pinheiro, Letícia Wolski, Tayná Rebouças, Júlia Tereza, Alex Fernandes e Camilly Picioli.

O escritor e apresentador do Slam Convicto Alessandro Buzo, responsável pelo livro O Filho da Empregada, diz que "os saraus podem ser um espaço de se encontrar, melhor que qualquer terapia”. Os textos escritos por periféricos possuem facilidade em atrair o leitor, pois usa uma linguagem que trata da realidade e faz com que o público se identifique com a obra.

trouxeram essa visão do mundo, como agente de transformação”, finaliza.

A arte produzida na periferia se tornou algo inteiramente social, diferente do que era produzido nos anos de chumbo, esse tipo de arte expressiva traz consigo uma carga

sentimental imensa, além de falar de amor, as poesias, contos e musicas que advém

“Literatura marginal é protesto, até quando fala de amor”, afirma. 

Buzo diz que os slams deveriam ser um projeto ativo em escolas, pois assim formaria escritores de massa e talvez a educação fosse menos precária nas escolas públicas, ele encerra dizendo que se o projeto fosse implantado os estudantes poderiam encarar a realidade de outra forma e que “a vida pode ser dura, mas é feita de opções e que é possível sonhar”.Já poeta e pedagoga Carolina Peixoto, uma das organizadoras do projeto “poetas ambulantes” e o “slam das minas SP” diz que o sentimento ao recitar uma poesia se torna libertador. “Os saraus tiram a poesia do papel”. Ativista, luta pela causa feminista relatou que ao organizar um de seus projetos se deparou com mulheres que se sentiram acolhidas a ponto de denunciar homens por assédios durante um evento. “A poesia trouxe uma nova consciência de políticas e causas sociais, os saraus

deste movimento sempre deixa uma reflexão. Não só isso, a literatura trouxe voz aqueles que são invisíveis para a grande massa, e através dela as classes populares crescem e deixam de ser manipuladas, pois assim como Pezão conclui: “em todo país que se preze, a literatura tem que ser servida como prato de entrada”.

Alessandro Buzo.

Literatura erótica

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Por Jéssica Pinheiro, Júlia Tereza e Letícia Wolski.
Há diferença entre o erótico e o pornô

"Tudo no mundo está relacionado a sexo, menos sexo. Sexo está relacionado a poder”. Oscar Wilde, no século XIX, já sabia como tratar de assuntos considerados tabus, tema que alguns escritores e escritoras tratariam mais de 100 anos depois. Não que ele não estivesse presente em sua época e em muitas anteriores, mas nem sempre a relação com o poder e a dominação foi tão clara quanto atualmente.

Em todos esses anos, o erotismo teve a missão de prolongar a luxúria por meio da idealização. Não há leitura sem fantasia e imaginação, e o mesmo vale para o erotismo. No Brasil, em meados do século XVIII, o poeta baiano Gregório de Matos foi considerado o primeiro representante do país a introduzir esta temática. Já a poesia feminina se manifestou a partir do século XX.

Hilda Hilst (1930 – 2004) e Cassandra Rios (1932 – 2002) são alguns dos nomes mais bem lembrados da literatura erótica brasileira. Hilda alcançou um grande reconhecimento, constantemente apontada como uma das autoras mais importantes do país, e Cassandra atingiu a marca de 300 mil exemplares vendidos por ano.

No caso de Cassandra, sua fama veio de forma controversa. Ela era homossexual assumida, e seus mais de 35 romances tratavam explicitamente de relacionamentos entre mulheres. Foi chamada de pornográfica, censurada e presa durante o governo de Getúlio Vargas, além de perseguida pela ditadura militar, que proibiu quase toda a sua obra na década de 1970.Embora a primeira mulher a expressar o erotismo feminino em versos tenha sido a poetisa Safo de Lesbos, em VII a.C . na Grécia Antiga, poucos fragmentos de suas obras foram conservados devido a censura que sofreu de monges e copistas na Idade Média. Já na Europa, no século XX, surgiram os primeiros escritores que ousaram ir contra os costumes tradicionais. Nada que estivesse fora das regras da Igreja poderia ser exposto ao público e, nesta época, muitos movimentos literários foram censurados por católicos e protestantes. Foi nesse cenário que nasceu o erotismo licencioso. Os primeiros poemas deste tipo foram escritos por François Malherbe.

Outros autores apareceram com o passar do tempo: Antoine François Maynard, Pallavicino, Corneille, Michel Millet, entre outros. No século seguinte, a França foi o modelo da arte de amar e na arte de gozar.

Marquês de Sade, um dos romancistas eróticos mais famosos da história, foi conhecido por escrever para saciar sua excitação sexual, e passá-la aos leitores. Em seus livros, os personagens pensam que o verdadeiro prazer é a dor. Além do uso da linguagem erótica, que serve como uma revolução contra os costumes e a religião, as obras de Sade se tornaram o veículo literário da burguesia.

Um dos representantes do lado negro da literatura erótica é o Bataille. Suas obras são caracterizadas pela humilhação e os perigos de tentação. Em um de seus livros é possível notar que o tema não é o sexo, e sim a morte. Os personagens desfrutam do prazer sabendo que outros sofrem com sua perversidade ou que estão mortos.
Mais recentemente, Anais Nin é considerada a melhor romancista erótica

moderna. De estilo surrealista, seu erotismo é influenciado por algumas experiências vivenciadas por ela e marcado pela delicadeza e recusa da separação entre amor e sexo. Segundo a autora, “a literatura erótica escrita por homens não satisfaz as mulheres, devido ao fato de que as necessidades, fantasias e atitudes eróticas femininas são diferentes das dos homens. " Anais Nin profetizava que haveria no futuro cada vez mais mulheres que escreveriam tendo por base suas próprias experiências e sentimentos, pois para ela “o erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia”.

Por ser explícita, muitas pessoas tem a ideia equivocada sobre o que aborda a literatura erótica. É uma literatura de pouca qualidade? É pornografia?  Em entrevista com Alexandre Marques Rodrigues, autor do livro Parafilias, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2014 e finalista do Prêmio Jabuti, ele diz: "Penso que mais do que com gêneros literários, deveríamos estar preocupados com qualidade literária. Um bom livro pode ser de qualquer gênero, pode ser rotulado de qualquer forma, que será ainda um bom livro. Essa precisa ser a

preocupação de escritores e leitores, a qualidade, mais do que o gênero" .Representado de forma lírica, a literatura erótica possui diversas nuances que expressam o erotismo em suas variadas vertentes. Para Marques, "a grande questão, talvez, seja então não o alcance do erotismo, mas a nossa reação, ou a hipocrisia de nossa relação frente a ele. Vejo a sociedade condenar sobretudo o erotismo que não está aceito, que não está inserido

no sistema como algo permitido. E isto é algo que precisa ser pensado, perguntado, analisado, por que determinadas formas de expressão do erotismo não contam com o apoio da sociedade, enquanto outras formas sim”.

Em tempos atuais, não podemos deixar de citar a notoriedade da trilogia Cinquenta Tons de Cinza, escrita por E.L. James. Depois da adaptação dos livros para o cinema, eles se fixaram como best sellers. Com tamanha visibilidade, houve manifestação de escritores, críticos e o próprio público leitor, inclusive com críticas fundamentadas, como sobre o papel da mulher em relação ao homem a romantização de relações abusivas. Outros acreditam que não é necessário tais queixas. Em entrevista  com Julianna Costa, autora do livro 23 Noites de Prazer e 4 Semanas de Prazer, ela declara : "O problema, acredito, é que ao longo do tempo, a palavra pornografia carregou-se de um significativo pejorativo. É considerado algo barato, baixo, vulgar, grotesco, exagerado. Mas não acredito que precise ser assim. Muitas pessoas defendem a diferença entre erotismo e pornografia pela intensidade. O erótico sendo mais suave, delicado, romântico, rebuscado... e a pornografia sendo obscenidade pura".

A literatura erótica viabiliza interação, desperta sentimentos, curiosidades. Devido a evolução da história, o tema já não é mais tratado com tanto tabu. Há diferentes tipos de erotismo na cultura; cinema, TV, arte e livros. Como disse Julianna: "Pornografia é um estilo válido como qualquer outro, se olhar com cuidado, é um estilo riquíssimo, genuíno e cru”.

Fotos Jessy Pinheiro e Letícia Wolski.

Fanfic

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Por Júlia Tereza, Letícia Wolski e Tayná Rebouças .
Fanfics fazem os fãs imergirem ainda mais nas obras originais.
Foto Pixabay

“Eles não fazem por dinheiro. Não é sobre isso. Eles escrevem e colocam online apenas pela satisfação. Eles são fãs, mas não são consumidores silenciosos da mídia. A cultura fala com eles, e eles respondem à cultura em sua própria linguagem”. A afirmação é de Lev Grossmann sobre a posição ativa dos escritores de fanfics, mas o que é e o que representa ser um fã de fanfiction?.

Em um mundo inteiramente voltado aos meios de comunicação e mídias digitais, como o que vivemos hoje, os mais jovens costumam participar de jogos, bate-papo, criarem histórias e mais. Logo, a internet se tornou um meio de comunicação facilitador em relação a novos processos de criação.

Com isso, surgem as fanfictions, mais conhecidas como "fanfics", que são histórias sem caráter comercial ou lucrativo escritas por fãs, utilizando personagens e universos ficcionais que não foram criados por eles. Por exemplo, um fã de Cavaleiros do Zodíaco pode escrever um conto que acontece no universo ficcional do desenho. Mesmo com a legislação sobre direitos autorais, escrever fanfic não é nenhuma violação da propriedade intelectual, desde que a história não seja comercializada. De todo modo, juristas recomendam que o ficwriter coloque, no início do texto, uma pequena nota declarando quem é o real autor da obra original e esclarecendo que não está obtendo lucro com a obra.

Não há dados concretos sobre o aparecimento das fanfics no Brasil. O fenômeno começou a se consolidar por aqui a partir da exibição de Cavaleiros do Zodíaco que era transmitido na extinta TV Manchete, em 1994. Foram publicadas histórias de fãs em algumas revistas brasileiras, como a Herói (1994) e Heróis do Futuro (1995). Mas a divulgação das fanfics teve maior alcance graças à exibição de Sailor Moon, em 1996, também veiculada pela emissora de Bloch.

Nos dias atuais, as fanfics estão populares através do facebook, fã clubes ou por indicação de amigos. Existem diversos sites que se especializaram nessa área, com servidores que suportam milhares de fanfics, e sistemas de acompanhamentos, comentários, avaliações e mais.

A criação de fanfics está diretamente ligada à cultura participativa no ciberespaço. Com a criação dessas histórias há vários processos acontecendo ao mesmo tempo, como: interatividade com diversos grupos sociais diferentes; análises da cultura de massa, que move a indústria cultural; processo de escrita e leitura, o que pode aumentar o interesse do indivíduo pelo aprendizado.Henry Jenkins, um dos maiores estudiosos dos meios de comunicação atuais, já reconheceu o poder dessa mídia. “A fanfiction repara alguns dos prejuízos causados pela privatização da cultura,

permitindo que esses arquétipos culturais, potencialmente ricos, falem por e para uma variedade cada vez maior de visões políticas e sociais […] A fanfiction ajuda a aumentar o interesse em potencial em uma determinada série, ao direcionar seus conteúdos para fantasias que muito dificilmente alcançariam uma distribuição em grande escala, customizando-os de acordo com os nichos culturais que são mal representados, ou mal servidos, pelo material divulgado”.

Maria Carolina Reis é autora de Bright, um romance que conta a história de Alexander e Theodore, dois homens com vidas completamente opostas, mas inseparáveis. Alexander é um desenhista famoso que, por pressão de seu irmão, cede o seu quarto de hóspedes para Theodore, um estudante de música que acaba virando sua vida de cabeça para baixo.

Já com 13 anos de experiência no mundo das fanfics, Maria nos conta um pouco sobre o tema. A escritora, de 26 anos, começou a escrever fanfics em 2004 por conta de seu descontentamento com a desvalorização dos personagens da Sonserina, da saga Harry Potter. Empolgou-se e escolheu outro foco para suas fanfics: sua banda favorita, My Chemical Romance. A partir daí foi escrevendo sobre essa e outras bandas, e não parou mais.

Maria sempre busca sair dos clichês e procura dar mais profundidade às personagens, buscando criar, aos poucos, um contexto ao enredo, criando personalidade aos personagens e cenários, tudo muito aprofundado e rico em detalhes, o que chama atenção de muitos leitores. Isso foi um dos motivos pelos quais ela fez tanto sucesso entre os fãs de MCR e, posteriormente, conseguiu publicar sua principal fanfic em formato de livro.

O livro, Bright, teve lançamento na Bienal de 2016 e contou com o apoio de seu público já fiel. Ele teve algumas alterações durante o processo de edição, inclusive dos nomes dos personagens por conta de direito de imagem da banda, já que, agora, tratava-se de um produto a ser comercializado. Mais tarde, Maria acabou enfrentando problemas com a publicação (inclusive um boicote da editora que atingiu tanto ela quanto os leitores), mas ela não desistiu e pretende encontrar outra casa editorial para seguir com seu sonho.

Segundo escritores de fanfics que publicaram suas obras, as vantagens da criação de fanfics na web comparada aos livros são inúmeras, tais como: oportunidade maior de escrita; escrever sem limite de folhas; maior contato com o público-leitores; e interação com os fãs. Ainda assim, é claro que muitos ficwriters tem o sonho de ver suas obras virarem livros. Não é simples para qualquer tipo de autor e, por preconceito, pode ser até mais difícil para eles.

Enquanto o autor faz a obra, a ficwriter reescreve sua história.
Mesmo antes da internet, escritores de fanfics já existiam.
Foto  Júlia Tereza
Capa de fanfic sobre o Capitão América, da Marvel.
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